quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Sobre a inegável predileção das mulheres por tipos cafajestes (1ª parte)


Venho cumprir, meus amigos, a promessa que lhes fiz na semana passada, procurando explicar com a maior clareza possível por que tantas mulheres preferem de longe os homens cafajestes. À maioria dos brasileiros, todavia – e confesso que sou um deles! –, não apraz pagar suas dívidas assim à vista, numa única prestação. Convém amortiza-las com parcelas suaves, preferencialmente sem juros. Peço, portanto, sua licença para parcelar este texto que lhes devo em duas ou três vezes, a fim de não comprometer nem o orçamento do tempo do autor, sempre tão insatisfeito com a pressa dos relógios, nem o do leitor, sempre tão cheio de afazeres da maior importância.

Tendo em conta o ousado título com que batizei este texto, posso já antever algumas leitoras encolerizadas, com dentes e unhas armadas contra o autor deste blog, dirigindo-lhe adjetivos nada gentis acompanhados da acusação de que está a apresentar uma visão falseada e depreciativa do gênero feminino. Peço licença, antes de qualquer coisa, para dizer a tais leitoras que há exceções. Sim, admito que nem toda mulher prefere homens cafajestes. É o caso, por exemplo, da minha mãe, que morre de amores pelo meu pai, homem muito honesto e bem comportadinho, eu garanto. Mas ainda assim gostaria de pedir a minhas caras leitoras que não se apressassem em se considerar exceções a essa verdade que é válida para a maioria das mulheres. Sei – ou melhor, imagino – quanto pode ser difícil admitir certas verdades a respeito de si, mas não há dúvidas de que, ao menos neste caso, será mais saudável e proveitoso do que não faze-lo. É tendo em vista unicamente sem bem-estar psíquico que dou esse conselho. Peço, portanto, que analisem a questão a partir de uma perspectiva tão neutra quanto possível. Guardem momentaneamente os adjetivos indelicados que me dirigem, o ódio visceral, a vontade de fechar para nunca mais tornar a abrir a página desse blog e ponham-se a analisar junto comigo este tema com um rigor quase científico. Esqueçam o que dizem esses machistazinhos levianos quando sustentam que as mulheres não são capazes de rigor lógico, científico, e provem-lhes com sua leitura analítica precisamente o contrário. E então, após uma leitura atenta, após um exame minucioso da questão, vocês finalmente poderão chegar à conclusão de que estou certo, desde que me tenham entendido.

Não me interessa aqui demonstrar argumentativamente essa predileção feminina por tipos cafajestes: ela é inegável; e soa deselegante tentar confirmar por meio de argüições aquilo que a própria experiência cotidiana vive a mostrar a cada um de nós. O óbvio ululante não apenas dispensa argumentações, condena-as. Não obstante, há quem se recuse a enxerga-lo; e o que poderemos fazer por tais pessoas senão esperar que o processo de amadurecimento lhes aguce o senso de observação?

O que me interessa é tentar compreender as razões desse fato evidente, o porquê dessa predileção que aparentemente contraria tudo quanto mereça o rótulo de bom senso. Gostaria de me valer, para tanto, do método dialético e examinar uma a uma as opiniões existentes a esse respeito antes de lhes apresentar a minha. Cheguei mesmo a coletar certo repertório de opiniões sobre o assunto, mas qual não foi meu espanto ao constatar que a maioria delas é desinteressante, indigna tanto da minha análise quanto da atenção do leitor. Duas delas, contudo, fazem exceção, e sobre essas sim, vale a pena se deter.

A primeira afirma que não é que os homens cafajestes se tornem mais atraentes, mas, ao contrário, que os homens atraentes é que tendem a se tornar cafajestes, uma vez que lhes é muito difícil não ceder às tentações poligâmicas que sempre se lhes insinuam. Ou seja, com relação a estes dois fenômenos que não raro aparecem conjugados – ser atraente e ser cafajeste –, aquele é que é causa deste, e não o contrário.

A segunda opinião, mais radical, diz o seguinte: na realidade, todos os homens são cafajestes por natureza; aqueles, contudo, cuja habilidade para seduzir só é suficiente para conquistar uma única mulher são tidos na conta de sujeitos fiéis e levam uma vidinha não condizente com sua natureza masculina; já aqueles mais hábeis, capazes de conquistar várias, tornam-se cafajestes de fato, efetivando assim aquilo que sempre foram potencialmente. Estariam a realizar, no fundo, aquilo de que todo homem gostaria, mas, como nem todos o conseguem, os fracassados mais frustrados se empenham em se vingar dos bem-sucedidos, rotulando-lhes de indecentes, imorais, e condenando tal conduta segundo os preceitos de uma moral oriunda do ressentimento.

Considero essas opiniões apenas parcialmente verdadeiras, mas não quero lhes dizer em que medida. Deixo a encargo do leitor e da leitora julga-las com maior rigor; não gostaria de priva-los neste ponto do privilégio e do prazer de pensar com os próprios botões. Digo apenas que essas idéias têm o mérito de nos fazer atentar para o fato de que ser cafajeste não está ao alcance de qualquer um; requer certos dotes naturais, certa vocação. Não basta querer ser cafajeste e – plim! – magicamente tornar-se mais atraente. Todavia – e este é o ponto de que as opiniões apresentadas não dão conta –, é também verdadeiro que os homens com talento suficiente para a cafajestagem tornam-se ainda mais atraentes aos olhos das mulheres quando assumem essa condição. E é esse fenômeno curioso que pretendo analisar detidamente na semana que vem, quando pretendo saldar a segunda parte da minha dívida. Verei se não atraso a segunda prestação desse texto.

10 comentários:

Unknown disse...

"Pois saibam que prefiro um canalha a um frouxo"... "Mas há de haver coisa melhor dando sopa por aí."

Laura da Hora disse...

Meu bem, adorei esse seu post!!!Eu detesto dar razão a homens, justamente pq vocês serão sempre, time contra!!! Mas realmente as mulheres têm certo fascinio pelos cafagestes, sim!! Ninguém sabe resistir ao seu charme quando eles se encontram em campanha. Contudo, eu posso me considerar uma mulher de talento, pois, depois de quase um ano de observações aliada ao senso comum, experiência própria, criei uma base empírica sobre homens cafajestes que nunca falha!!!
Incrível como os Homens são facilmente desvendáveis, as mulheres(não todas, claro) é que o idealizam da forma errada.

Magno Marques disse...

Laurinha, meu bem, seu comentário revela maturidade. Você não se deixa levar por preconceitos morais ou questões de vaidade a ponto de não admitir q essa predileção existe.Também não duvido de que sua experiência pessoal, observações, etc. lhe tenham permitido interpretar os homens adequadamente. O que torna difícil interpretar os propósitos de um homem é que eles são óbvios demais; assim como o que torna difícil interpretar os prósitos de uma mulher é que ela própria os desconhece. Mas, depois de aprender a enxergar o óbvio (o que não é lá tão simples), fica facinho entender os homens, e você parece ter aprendido.

ps.: aguarde a segunda parte do meu texto, que virá com atraso, mas estará sem dúvida mais interessante.

Anônima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônima disse...

Ps. estou ansiosa pela segunda parte!

Anônima disse...

Caro autor,
A mulher que negar a afirmação posta já no título do presente estudo, certamente não degustou AINDA um bom cafajeste e toda neurose deliciosa que o envolve.
Contudo as opiniões colocadas como interessantes não são suficientes. Em relação a primeira, seria no mínino pavoroso para nós mulheres, se só os tidos como “atraentes” fossem cafajestes. Poucos cafajestes + muitas mulheres; mundo = galinhagem.
Os não atraentes também são cafajestes; assim como os desprovidos de um certo charme financeiro ou automobilístico, ou certo requinte gastronômico ou cultural tidos como “padrão” do que poderíamos chamar de interessante (atraente).
A segunda opinião me parece um pouco mais sensata, a grosso modo, eu defendo que existem 3 tipos de homens:
1) Babacas – São aqueles que apesar de NÃO possuírem lá tanto charme, oferecem SEGURANÇA.
2) Cafajestes – Associados ao PRAZER.
3) Normais – O famoso meia bomba, que não é nem um nem outro e acaba por ser DESINTERESSANTE.
Os babacas são os maiores inimigos dos cafajestes, pois com sua oferta de SEGURANÇA, que é um ponto bastante importante para aguma parte das mulheres, eles acabam conquistando bons territórios, ou seja boas fêmeas...
Contudo as mulheres que por alguma neurose não se contentam em apenas desfrutar os tais irresistíveis cafajestes e lutam para conquistá-los de fato, por incrível que pareça não é tão árduo assim... O primeiro passo é ganhar a confiança do cafajeste, estabelecida a parceria é somente ser mais “cafajesta” que o próprio, afinal a predição não se dá apenas na ala feminina, e quem se daria melhor com um cafajeste do que outro(a)?
Ser CAFAJESTA é ainda uma variação linguística, mas não por muito tempo.

amarelo disse...

definitivamente, curioso pela segunda parte do texto! =)

manu moema disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manu moema disse...

Adoro tudo que você escreve meu mestre, portanto admiro sua prosa; mas venho expressar, publicamente, a saudade que sinto dos seus versos.

Isso é um protesto.

Beijos

Janaina Gomes disse...

Magno, me deparei com este blog e o primeiro texto a ser lido por mim foi este, nao sei o por que, ou melhor devo saber sim. O título muito me chamou atenção e de fato o texto não deixa a desejar. Sempre fiz esta pergunta a mim mesma e nunca encontrei uma resposta concreta, mas veja meu amigo como é a vida, me deparo com este texto, e juro que depois de le-lo, virei-me para o espelho e fiz-me a mesma pergunta, me encontrando num estado de idiotice total,
primeiro: por me encontrar momentos antes diante do espelho como uma louca, falando comigo mesma.
segundo: por achar que a ultima frase do comentário da laurinha é a mais pertinente até agora.

Incrível como os Homens são facilmente desvendáveis, as mulheres(não todas, claro) é que o idealizam da forma errada.

pois é.

terceiro: descobri que sou uma das milhares de mulheres idealizadoras... que péssimo...

sonhar, ser romantica, achar que existe principe encantado, pensar em ter uma familia feliz (marido, filhos, cachorro, jardim, uma casa)é basicamente no mundo que vivo impossivel...

nossa que queda da nuvem...

acho que só conheci cafajeste....snif, snif