segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Café

(para Abraão Cabral)

Teu vestido de porcelana fina,
Teus contornos de espumas delicadas,
Tua bruma que emerge enfeitiçada
A dançar entre estátua e bailarina...

Tua bruma congela-me a retina
E inunda o instante com teu cheiro,
Acendendo o desejo do primeiro
Gole a beijar a boca divina

Que tua pele volúvel busca ser.
És a líquida noite de prazer
Abrigando um calor que vem de alhures...

Quando alcanças por fim o paladar,
Mesmo o sono consente em se atrasar
Pra fazer com que o teu prazer perdure.

Um comentário:

Ab disse...

Magno, sua provocação é insuperável, arrasou a possibilidade, hj, do café em mim, cada vez mais difícil de compor, plus amusante pour boivre... precisarei mais alguns anos tocando esas cinturas de porcelana... parabéns! o poema é excelente e a página uma suave ousadia que nós merecíamos aceder!